terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Ciclo

Em doses homeopáticas, gota a gota me despejo aqui.
Todas as marcas e cicatrizes.
Estão presentes na minha pele elástica.
Em que dois corpos ocupam o mesmo espaço.
E que não sangro como contínua saúde.
Gota a gota, o medo passa.
Gota a gota a dor aumenta.
Gota a gota a pele estica.
As marcas de traquinagens da infância interrompida desaparecem.
São agora permanentes.
Em um corpo modificado
Pelo atrito de dois corpos.
Em doses homeopáticas
Começo a me transformar
A ritualizar essa espera
A ridicularizar essa dor.
Não é maior do que a perda da inocência ainda contida.
Não sou mais a mesma.
Nem me lembro o que era.
Vejo-me no espelho e não me reconheço.
As estrias no corpo nu já não incomodam.
Pois não sou a mesma
Só sinto...
O desvencilhar dos corpos.
A dor entorpece e amarga o céu da boca.
Tudo escurece.
Gota a gota me despejo aqui.
Não sinto mais nada.
O reflexo da juventude no espelho some.
A resistência acabou.
O fluxo contido volta correr o percurso.
O ciclo se completa.
Menina, Mulher e Mãe.

Ass: Mar Santiago

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